Nunca viajei de avião. Não assisti nenhum daqueles filmes de pilotos heróicos que salvaram mais de cem pessoas em um pouso forçado. Não lembro das leis da física que tornam o vôo possível, ou sequer prestei muita atenção a última vez que um professor explicou isso em aula. Eu só lembro de sentar em uma cadeira de praia no condomínio da minha avó enquanto a gente observava o céu e os aviões que passavam. Eu lembro de gritar pra minha mãe "aião!" sempre que ouvia o som de um avião na rua quando criança.
Meus maiores sonhos sempre foram viajar, estudar fora do país e fazer intercâmbio voluntário. Secretamente, sempre quis ver um avião de perto, passar horas de viagem assustadoramente longe do asfalto, e observar lá de cima aquela paisagem surreal na janela. Porém, minha memória mais viva de um avião é o momento em que tirei essa foto.
A última vez que eu tinha visto um avião tão perto foi no caminho de realizar meu sonho de gravar em um estúdio profissional com o Marcelo Mira e três mulheres que eu amo e admiro. No dia em que tirei essa foto, estava saindo de um dos escritórios da Google Brasil depois de um treinamento de voluntários pro TEDxSãoPaulo que aconteceria no Allianz Parque, onde eu veria o Lucas Silveira cantar ao vivo uma das minhas músicas preferidas da vida.
Que loucura.
Eu nunca sequer entrei em um aeroporto, mas parece que eu estou sempre esbarrando em um avião por aí. Parece que, quase de propósito, ele aparece justamente nos momentos em que estou realizando alguma fantasia maluca que achei que jamais fosse acontecer. Como se os céus falassem "olha onde você está agora! se você pôde realizar esses pequenos grandes sonhos, você pode também realizar o maior deles".
Talvez isso aconteça pra me lembrar disso. Talvez isso aconteça pra me lembrar de olhar pra cima - se é que você me entende.
Talvez isso aconteça pra me lembrar disso. Talvez isso aconteça pra me lembrar de olhar pra cima - se é que você me entende.
