terça-feira, 18 de outubro de 2016

Workshop de Alimentação com Lis Cereja


Pé descalço na grama redescobrindo e re-significando o andar enquanto derrapa na terra; caules de folhas cortados com as mesmas mãos fracas que picam cebolas e tomates e abacates, procurando um jeito de tornar produtivo a tarefa que só requer ser sentida. Não é linda a liberdade que vivenciamos perto das coisas que não podemos controlar? E raras são as oportunidades que encontrei até hoje para apreciar essa beleza daqui do topo da cidade.

No último sábado (15 de outubro) a Casa do Presente organizou um workshop de Alimentação com a maravilhosa da Lis Cereja lá em Granja Viana. Foi o belo dia em que afundei meu pé na lama colhendo folhas de couve, tomei um leite docinho de cabra, experimentei semente de cacau, comi a melhor beterraba do mundo e refleti sobre a quantidade absurda de coisas que nos fazem acreditar que é impossível.

São impressionantes os reflexos sociológicos da nossa relação com os processos da natureza: a maneira como lidamos com o tempo, como manipulamos tudo que é verdadeiro para saciar nossa necessidade de controle, padronizando a natureza de todas as coisas — inclusive a nossa — e combatendo contra tudo que é inconstante e impermanente. A gente aprendeu a depender do controle, da estabilidade, das regras, das fórmulas. E permitir que a natureza seja o que ela é também é nos permitir.

Aprendi que a alimentação saudável é, acima de tudo, conexão.

Nos conectamos com a memória dos nossos ancestrais, com a história da nossa relação com o alimento, com a natureza do nosso corpo e a natureza fora dele, e com os processos que transcendem a nossa compreensão. Nos alimentamos de todos esses processos, nos alimentamos do trabalho no cuidado com o alimento e de toda energia que é colocada no seu cultivo. Plantar e produzir nosso próprio alimento é gerar vida, e nós nos alimentamos da vida que ali colocamos.




Se eu verbalizasse absolutamente tudo o que aprendi com a Lis cometeria o erro de diminuir toda a experiência na tentativa de alcançar um tipo de beleza que só pode ser sentida. O prazer da alimentação saudável vai além do sabor e das texturas, está no sentimento. Afinal, nos alimentar é um gesto de amor a nós mesmos e a tudo que nos cerca.

Lis, obrigada por compartilhar com a gente tudo o que a natureza te ensinou. ♥

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