segunda-feira, 29 de maio de 2017

Workshop Vivencial de Fotografia

No dia 13 de maio, participei do workshop pelo qual mais esperava desde que conheci os projetos da EFFE4 e me tornei aluna da Casa do Presente. Em junho vai ser a primeira vez que não me pergunto: “será que agora é o workshop do Marcio?”. O que eu não havia me dado conta antes é que aprendo com essa equipe linda de fotógrafos em todas as nossas vivências. Por meio das fotografias do Márcio, do Renato, da Letícia — e também da Lilian Fernandes — , eu revivo meu próprio olhar.

Vez ou outra volto aos álbuns dos workshops passados da Casa do Presente afim de reviver nossos momentos eternizados. E é sempre muito mais do que isso. Vejo cores, luzes e sorrisos que não pude guardar comigo na memória, e cada sentimento, cada lampejo e cada arrepio corre por mim como uma descarga de energia além da minha compreensão. Sinto os espaços, os cheiros, os sabores, e sou tocada novamente. Aquelas fotografias me transportam para instantes aos quais me parecia impossível voltar. Mas, para o coração não existe tempo —  e vocês fotografam com o coração.


“Fotografias registram curtíssimos espaços de tempo. São momentos que acontecem por apenas uma fração de segundo, mas que, no entanto, não estão isolados de uma continuidade de ações e de um contexto. Há tantas mais coisas por trás de cada instante, tem toda uma história — ou histórias — intermediada por ele; e é isso que faz dele, também, um relato daquele contexto. Ou, no mínimo, uma história daqueles segundos específicos. Mas uma… sempre uma história, e mais mil e uma coisas fazem parte dela.“ 
  Iara, aluna da Casa do Presente.

A fotografia é capaz de capturar sensações pequenas e mais profundas do que a nossa percepção pode captar de cara. Nesse workshop, vivemos e sentimos “o fotografar” por meio de diferentes experiências. Em uma delas, espalhados pelo espaço aberto ao lado do Museu de Imagem e Som (MIS), fomos literalmente vendados, nos movendo atados às mãos de nossos amigos. E estender nosso olhar interno àquele que nos guiava de passo em passo talvez tenha sido o maior desafio daquela tarde. A verdade é que só assim poderíamos captar as almas por trás dos retratos que fizemos em seguida. Era preciso compreender que enxergar o outro também é enxergar o que ele vê.



Durante as atividades, dividimos um espaço que parecia imenso em possibilidades. Entre flashes e risadas, aprendemos sobre percepção, sobre luz, sobre memória, sobre o tempo, e sobre o poder que possuímos de contar histórias com um só clique. Em nossas fotografias, imprimimos o peso e as levezas que nossos olhares podem absorver. Exploramos os limites da nossa expressão, contando mais sobre nós mesmos por meio do que escolhemos enquadrar no visor dos celulares e das câmeras profissionais. E por meio desses retratos, vivenciamos um novo olhar para o outro e para nós mesmos. 

Como diz a composição linda da Victoria aluna da Casa do Presente  "são retratos do viver". E naquele dia nós podemos dizer que vivemos. Cada segundo, clique a clique. 

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Crédito especial aos alunos da Casa do Presente pelas fotografias usadas nesse post. E um agradecimento sem tamanho ao Marcio Motta e à EFFE4 pelo dia mágico 💜

quarta-feira, 17 de maio de 2017

Arte é rua: é não entender, mas sentir



Eu estava atrás de um livro sobre criatividade, e descobri um closet. Um retângulo cercado por paredes de vidro e prateleiras de livros pesadíssimos sobre arte, design, arquitetura e ensaios fotográficos. Um quadro aqui, um quadro lá. A tal seção da livraria para artistas e criativos. Era a minha sessão. Pelo menos era para parecer que era, mas quando olhei em volta, não consegui me enxergar

Aquilo tudo caiu no meu estômago como uma pedra. Se era para aquele espaço ser qualquer coisa diferente de uma exposição da obra de semideuses inalcançáveis, não dava para dizer. Era tudo exageradamente sofisticado, quase intocável. E destoava da arte que se via e se tocava logo ali, porta da livraria afora. A arte que todos nós somos.

Arte é rua.     Arte é gente.     Arte é popular.

Eu quero é ver gente que faz boomerang no Instagram apreciando fotografias profissionais de montanhas. Quero ver gente que não sabe nem soletrar “semiótica” folheando livros de design. Quero ver gente encarando Monet pela primeira vez na vida, ou lendo sobre arquitetura urbana porque esbarrou naquele canto sem querer. Quero ver gente falando de arte sem entender dela, porque arte é isso. Arte é não entender. É a busca por uma linguagem que possa dar sentido ao caos organizado. Arte é sentir.

Arte é resistência.   Arte é causa.     Arte é meio.

Separa-se a arte do mundo como se o mundo não fosse arte ou a própria arte não fosse mundo. Mas, o que é arte para você? Para mim, não tem nada a ver com uma sala fechada. Dentro daquela caixa, me senti um palito. Até lembrar que sou fósforo — faísca de um incêndio que não caberia ali.

domingo, 14 de maio de 2017

Faz tempo que a gente ouve merda



Faz tempo que eu não escrevo. Faz tempo que eu me calo. 

Faz tempo que eu não cuido de mim, e coloco os sentimentos das pessoas antes dos meus. Faz tempo que eu não me expresso de verdade. Mas ó, faz tempo que eu sei quem eu sou. E faz tempo que eu decidi que não estava disposta a abrir mão disso. Faz tempo que eu tenho que responder perguntas como “continua fazendo ‘essas suas coisas’ como sempre né?”. Faz tempo que eu deixei pra lá, e parei de explicar o que eu faço ou deixo de fazer. Faz tempo que eu cansei.

Faz tempo que eu aprendi que nem todo mundo consegue entender um caminho que não é deles. Faz tempo que as pessoas fazem o que esperam delas. Faz tempo que eu faço o que eu quero. Faz tempo que eu leio porque quero ler. Faz tempo que eu estudo porque quero estudar. Faz tempo que eu aprendo porque quero aprender. Faz tempo que eu faço o que amo, PORQUE AMO. Faz tempo que eu descobri que existem diversas formas de ganhar, e que dinheiro não deve ser a finalidade de tudo que a gente faz. 

Faz tempo que eu ouço merda. Faz tempo que eu não falo o que penso. Faz tempo que eu me mantenho em silêncio, me fingindo de tonta pra não ter que explicar o que ninguém quer entender. Faz tempo que as pessoas se convencem de que eu não tenho opinião. Faz tempo que as pessoas acreditam que eu não sei o que eu estou fazendo com a minha vida. Faz tempo que eu sei muito bem o que estou fazendo.

E eu não poderia estar mais grata pelo tempo que faz, e por cada passo que eu dei no meu tempo. Mesmo com todas as merdas que eu ainda tenho que escutar. Afinal, independente do próximo passo, eu vou continuar fazendo o que eu faço, porque sou eu. E NÃO VOCÊ.
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