quinta-feira, 30 de novembro de 2017

Eu falhei como aluna nota dez



Na quinta série eu falhei como aluna nota dez porque achava mais legal escrever poemas e letras de música. Hoje a escrita é a minha ferramenta mais forte de expressão. Esse texto é um dos muitos que só existem graças aos meus anos de poemas, redações, fanfics, contos e aulas "perdidas" bolando enredos malucos com as minhas amigas. 

Na sexta série eu falhei como aluna nota dez porque quando chegava em casa só queria tocar violão e escutar música o dia inteiro. Hoje meu mundo não teria vida sem a música, por mil razões. No início de 2017, completei um ano e meio como professora voluntária de prática de coral na minha antiga escola, e por causa dessa oportunidade, conheci mulheres incríveis que encontraram suas vozes e me inspiraram a reencontrar a minha também. 

Na sétima série eu falhei como aluna nota dez porque passava a tarde toda lendo, traduzindo e cantando músicas dos meus artistas preferidos. Hoje eu sou professora particular de inglês, estou com dois projetos em desenvolvimento na área, e alguns dos meus amigos acabaram se tornando meus alunos. O inglês foi minha ponte de conexão com os maravilhosos dos meus mentores (Carol e Ivan, meu amor pra vocês!), me colocou em contato com outros projetos, pessoas, histórias, e além de tudo, foi também uma ponte de conexão comigo mesma. 

Na oitava série eu falhei como aluna nota dez porque perdia tempo de estudo criando blogs, bolando layouts e designs diferentes para os meus projetinhos pessoais de aspirante à jornalista. Hoje as ferramentas que aprendi naquela época me ajudam em partes cruciais da execução dos meus projetos, e utilizo quase sempre meu raciocínio visual para facilitar minhas ideias e criar cada vez mais delas.

No primeiro ano do ensino médio eu falhei como aluna nota dez porque não via sentido no vestibular, não acreditava na euforia acadêmica, não concordava com o modelo educacional, não via sentido na faculdade e simplesmente não conseguia respirar dentro daquela caixa. Hoje eu faço parte de uma escola co-criada por jovens, que representa tudo que eu acredito na educação. A nossa casa, a Casa do Presente. A escola que realizou o sonho da Victoria de fazer intercâmbio nos EUA, que tornou realidade um dos meus sonhos de gravar um single em estúdio profissional com meu arranjo de guitarra, que me deu a oportunidade de conhecer o escritório da Google e ser voluntária no TEDxSãoPaulo, que tá ajudando outros jovens a redescobrir e viver seus sonhos também, e que me ensinou TANTO. A escola que conecta e reconecta, afinal, escola pra mim é isso. E nessa caminhada aprendi mais sobre educação do que em anos de ensino tradicional.

No segundo ano do médio eu falhei como aluna nota dez porque vivia pilhada tentando me encontrar em alguma profissão, conversando sobre carreira e empreendedorismo com meu professor. Hoje eu descobri que a minha verdadeira paixão na verdade estava nascendo ali naquelas conversas, e que eu posso ser tudo o que eu queria naquele tempo. Porque eu sempre fui maior do que o título que eu buscava, eu nunca coube em uma caixa. Éramos todos muito grandes para aquelas caixas.

No terceiro ano do ensino médio eu falhei como aluna nota dez porque só pensava nos projetos que eu nunca levava até o fim. Hoje eu tô colocando meus projetos em prática com a ajuda de pessoas que me inspiram e me movem, e vivo torcendo pra que o fim nunca chegue, porque o caminho é muito mais legal! É no caminho que a gente aprende.

Já dizia Hannah Montana, it's all about the climb. 

Nos últimos anos eu falhei como ser humano nota dez porque escolhi não ir pra faculdade na hora que todo mundo esperava que eu fosse. Eu fiz o contrário de tudo o que esperavam que eu fizesse, porque nem todo mundo sabe, mas aquele roteiro esquadrinhado de vida não é o único que funciona, o mundo é muito MAIS do que a gente pensa.

Há quem diga que tô perdendo meu tempo de novo, e sempre vai ter alguém. Eu escolhi o meu ritmo e não o do mundo, escolhi escutar e seguir a mim mesma. Hoje o que eu vivo não cabe aqui, é maior que eu. 

Enfim, essa é só a minha história. 

Eu aprendi muito com a escola, mas aprendi muito mais fora dela.

E eu quero que você, aluno do fundamental, médio ou graduação, lembre-se que o seu aprendizado vai até onde VOCÊ for. A gente não aprende só entre os muros e corredores, em frente às lousas, por trás das carteiras. E você não deve esperar a formatura para ser a pessoa que você gostaria de ser. Você não precisa esperar por permissão para ser quem você é e fazer o que você ama. 

Às vezes o que agora parece inútil pro seu boletim pode te ensinar muito mais sobre a pessoa que você será no futuro, não abre mão da sua verdade. Afinal, você pode aprender física jogando bola e português lendo ficção adolescente. Se for pra ser foda em alguma coisa, seja foda em aprender e não em gabaritar prova. Não é o boletim ou o diploma que te forma. É você! Se permita ser o ser humano sensacional e único que você já é.

quinta-feira, 16 de novembro de 2017

Eis você, meu descobrimento





Requer de mim coragem para te dizer sim. A mesma coragem que tive de juntar dentro do meu coração para dizer o meu último não, aquele que doeu por meses, em partes de mim que precisaram deixar de existir para me libertar. Ainda requer de mim coragem para te permitir, a mesma coragem que também me permite. A coragem que me falta redescobrir. 

E eis você, meu descobrimento. 

Descubro em ti meus sorrisos, minhas gargalhadas descontroladas, meus toques involuntários, meus olhares discretos e indiscretos, minha habilidade de expressar em gestos e silêncios aquilo que as palavras não dão conta, meu gosto por me fazer bonita em um mundo que às vezes me faz esquecer da beleza, minha sede crônica antes de te encontrar em qualquer corredor ou qualquer esquina, e meu reflexo nos seus olhos quando com eles você faz parecer que vê algo através de mim.

Requer de mim coragem para me permitir descobrir, e para permitir que você me descubra. Requer de mim coragem para me colocar nesse lugar de vulnerabilidade em que só cabe a verdade, nesse lugar de transparência. Requer de mim coragem para que você me veja. Requer de mim dizer sim, vem e me descobre por inteira, me veja por trás de tudo isso, enquanto eu espero que você me enxergue por muito mais. 

Requer de mim coragem para deixar que você veja o que talvez tema descobrir, mas que não deixará de ser parte de quem eu sou ainda que você escolha dizer não. Porque por trás de tudo isso estão minhas dores, falhas, cicatrizes e lágrimas que eu ainda nem reconheci que preciso chorar. Por trás de tudo haverão também as suas dores, suas falhas, suas cicatrizes e suas lágrimas, impedindo que você me enxergue com nitidez. Ainda assim, que nós possamos nos descobrir e nos desvendar, em todos os sentidos possíveis que possam me levar até você. E ao nos descobrir, enxergaremos a nós mesmos e encontraremos a coragem que nos requer para dizermos sim mais uma vez.

quinta-feira, 2 de novembro de 2017

O que você quer ser quando crescer?



Quando eu crescer eu quero subir numa árvore, quero correr, quero viajar, quero ter um piano, quero escrever um livro, quero idealizar uma escola, quero recriar minha própria família, quero ser mais amor, quero ser mais aberta, quero trabalhar bem mais com comunicação e com pessoas. Quando eu crescer quero ser maior.

"MAS VOCÊ NÃO É MAIS CRIANÇA!"

Amigo, não é a gente que cresce, não é sobre corpo, não é sobre pele, não é sobre números. É mais que isso! A gente cresce de alma. A gente cresce de coração. A gente cresce todo santo dia um pouco mais, a cada tapa na cara e cada abraço apertado. A gente cresce a cada um minuto de silêncio, a cada sorriso, a cada oração. A gente cresce toda vez que decide ser amor. A gente cresce quando se permite crescer. 

Por que a gente desiste de sonhar e de querer? Por que a gente chega nos vinte e poucos anos se sentindo atrasado, como se não desse mais tempo de trocar de calçada? Quem foi que chegou aos trinta e disse que até ali já teríamos feito tudo que dava pra fazer? Quem foi que chegou aos quarenta e poucos anos e inventou que aos cinquenta a gente já descobriu tudo que dava pra descobrir sobre nós mesmos? Por que a gente desiste de aprender? Por que a gente desiste de crescer? Por que a gente desiste da gente? 

Quando eu crescer quero que todo mundo tenha orgulho de dizer que ainda dá tempo, que ainda tudo pode mudar, que ainda temos muitos mundos pra explorar dentro do outro e de nós mesmos. Quando eu crescer quero descobrir novas paixões, quero me surpreender comigo, quero escolher novas cores, sabores e ver tudo novo. Enxergar tudo como se fosse a primeira vez, e abraçar todos os dias a possibilidade de ser mais. Quando eu crescer eu quero ser. E quero estar rodeada de pessoas que crescem comigo.
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