quinta-feira, 30 de novembro de 2017

Eu falhei como aluna nota dez



Na quinta série eu falhei como aluna nota dez porque achava mais legal escrever poemas e letras de música. Hoje a escrita é a minha ferramenta mais forte de expressão. Esse texto é um dos muitos que só existem graças aos meus anos de poemas, redações, fanfics, contos e aulas "perdidas" bolando enredos malucos com as minhas amigas. 

Na sexta série eu falhei como aluna nota dez porque quando chegava em casa só queria tocar violão e escutar música o dia inteiro. Hoje meu mundo não teria vida sem a música, por mil razões. No início de 2017, completei um ano e meio como professora voluntária de prática de coral na minha antiga escola, e por causa dessa oportunidade, conheci mulheres incríveis que encontraram suas vozes e me inspiraram a reencontrar a minha também. 

Na sétima série eu falhei como aluna nota dez porque passava a tarde toda lendo, traduzindo e cantando músicas dos meus artistas preferidos. Hoje eu sou professora particular de inglês, estou com dois projetos em desenvolvimento na área, e alguns dos meus amigos acabaram se tornando meus alunos. O inglês foi minha ponte de conexão com os maravilhosos dos meus mentores (Carol e Ivan, meu amor pra vocês!), me colocou em contato com outros projetos, pessoas, histórias, e além de tudo, foi também uma ponte de conexão comigo mesma. 

Na oitava série eu falhei como aluna nota dez porque perdia tempo de estudo criando blogs, bolando layouts e designs diferentes para os meus projetinhos pessoais de aspirante à jornalista. Hoje as ferramentas que aprendi naquela época me ajudam em partes cruciais da execução dos meus projetos, e utilizo quase sempre meu raciocínio visual para facilitar minhas ideias e criar cada vez mais delas.

No primeiro ano do ensino médio eu falhei como aluna nota dez porque não via sentido no vestibular, não acreditava na euforia acadêmica, não concordava com o modelo educacional, não via sentido na faculdade e simplesmente não conseguia respirar dentro daquela caixa. Hoje eu faço parte de uma escola co-criada por jovens, que representa tudo que eu acredito na educação. A nossa casa, a Casa do Presente. A escola que realizou o sonho da Victoria de fazer intercâmbio nos EUA, que tornou realidade um dos meus sonhos de gravar um single em estúdio profissional com meu arranjo de guitarra, que me deu a oportunidade de conhecer o escritório da Google e ser voluntária no TEDxSãoPaulo, que tá ajudando outros jovens a redescobrir e viver seus sonhos também, e que me ensinou TANTO. A escola que conecta e reconecta, afinal, escola pra mim é isso. E nessa caminhada aprendi mais sobre educação do que em anos de ensino tradicional.

No segundo ano do médio eu falhei como aluna nota dez porque vivia pilhada tentando me encontrar em alguma profissão, conversando sobre carreira e empreendedorismo com meu professor. Hoje eu descobri que a minha verdadeira paixão na verdade estava nascendo ali naquelas conversas, e que eu posso ser tudo o que eu queria naquele tempo. Porque eu sempre fui maior do que o título que eu buscava, eu nunca coube em uma caixa. Éramos todos muito grandes para aquelas caixas.

No terceiro ano do ensino médio eu falhei como aluna nota dez porque só pensava nos projetos que eu nunca levava até o fim. Hoje eu tô colocando meus projetos em prática com a ajuda de pessoas que me inspiram e me movem, e vivo torcendo pra que o fim nunca chegue, porque o caminho é muito mais legal! É no caminho que a gente aprende.

Já dizia Hannah Montana, it's all about the climb. 

Nos últimos anos eu falhei como ser humano nota dez porque escolhi não ir pra faculdade na hora que todo mundo esperava que eu fosse. Eu fiz o contrário de tudo o que esperavam que eu fizesse, porque nem todo mundo sabe, mas aquele roteiro esquadrinhado de vida não é o único que funciona, o mundo é muito MAIS do que a gente pensa.

Há quem diga que tô perdendo meu tempo de novo, e sempre vai ter alguém. Eu escolhi o meu ritmo e não o do mundo, escolhi escutar e seguir a mim mesma. Hoje o que eu vivo não cabe aqui, é maior que eu. 

Enfim, essa é só a minha história. 

Eu aprendi muito com a escola, mas aprendi muito mais fora dela.

E eu quero que você, aluno do fundamental, médio ou graduação, lembre-se que o seu aprendizado vai até onde VOCÊ for. A gente não aprende só entre os muros e corredores, em frente às lousas, por trás das carteiras. E você não deve esperar a formatura para ser a pessoa que você gostaria de ser. Você não precisa esperar por permissão para ser quem você é e fazer o que você ama. 

Às vezes o que agora parece inútil pro seu boletim pode te ensinar muito mais sobre a pessoa que você será no futuro, não abre mão da sua verdade. Afinal, você pode aprender física jogando bola e português lendo ficção adolescente. Se for pra ser foda em alguma coisa, seja foda em aprender e não em gabaritar prova. Não é o boletim ou o diploma que te forma. É você! Se permita ser o ser humano sensacional e único que você já é.

quinta-feira, 16 de novembro de 2017

Eis você, meu descobrimento





Requer de mim coragem para te dizer sim. A mesma coragem que tive de juntar dentro do meu coração para dizer o meu último não, aquele que doeu por meses, em partes de mim que precisaram deixar de existir para me libertar. Ainda requer de mim coragem para te permitir, a mesma coragem que também me permite. A coragem que me falta redescobrir. 

E eis você, meu descobrimento. 

Descubro em ti meus sorrisos, minhas gargalhadas descontroladas, meus toques involuntários, meus olhares discretos e indiscretos, minha habilidade de expressar em gestos e silêncios aquilo que as palavras não dão conta, meu gosto por me fazer bonita em um mundo que às vezes me faz esquecer da beleza, minha sede crônica antes de te encontrar em qualquer corredor ou qualquer esquina, e meu reflexo nos seus olhos quando com eles você faz parecer que vê algo através de mim.

Requer de mim coragem para me permitir descobrir, e para permitir que você me descubra. Requer de mim coragem para me colocar nesse lugar de vulnerabilidade em que só cabe a verdade, nesse lugar de transparência. Requer de mim coragem para que você me veja. Requer de mim dizer sim, vem e me descobre por inteira, me veja por trás de tudo isso, enquanto eu espero que você me enxergue por muito mais. 

Requer de mim coragem para deixar que você veja o que talvez tema descobrir, mas que não deixará de ser parte de quem eu sou ainda que você escolha dizer não. Porque por trás de tudo isso estão minhas dores, falhas, cicatrizes e lágrimas que eu ainda nem reconheci que preciso chorar. Por trás de tudo haverão também as suas dores, suas falhas, suas cicatrizes e suas lágrimas, impedindo que você me enxergue com nitidez. Ainda assim, que nós possamos nos descobrir e nos desvendar, em todos os sentidos possíveis que possam me levar até você. E ao nos descobrir, enxergaremos a nós mesmos e encontraremos a coragem que nos requer para dizermos sim mais uma vez.

quinta-feira, 2 de novembro de 2017

O que você quer ser quando crescer?



Quando eu crescer eu quero subir numa árvore, quero correr, quero viajar, quero ter um piano, quero escrever um livro, quero idealizar uma escola, quero recriar minha própria família, quero ser mais amor, quero ser mais aberta, quero trabalhar bem mais com comunicação e com pessoas. Quando eu crescer quero ser maior.

"MAS VOCÊ NÃO É MAIS CRIANÇA!"

Amigo, não é a gente que cresce, não é sobre corpo, não é sobre pele, não é sobre números. É mais que isso! A gente cresce de alma. A gente cresce de coração. A gente cresce todo santo dia um pouco mais, a cada tapa na cara e cada abraço apertado. A gente cresce a cada um minuto de silêncio, a cada sorriso, a cada oração. A gente cresce toda vez que decide ser amor. A gente cresce quando se permite crescer. 

Por que a gente desiste de sonhar e de querer? Por que a gente chega nos vinte e poucos anos se sentindo atrasado, como se não desse mais tempo de trocar de calçada? Quem foi que chegou aos trinta e disse que até ali já teríamos feito tudo que dava pra fazer? Quem foi que chegou aos quarenta e poucos anos e inventou que aos cinquenta a gente já descobriu tudo que dava pra descobrir sobre nós mesmos? Por que a gente desiste de aprender? Por que a gente desiste de crescer? Por que a gente desiste da gente? 

Quando eu crescer quero que todo mundo tenha orgulho de dizer que ainda dá tempo, que ainda tudo pode mudar, que ainda temos muitos mundos pra explorar dentro do outro e de nós mesmos. Quando eu crescer quero descobrir novas paixões, quero me surpreender comigo, quero escolher novas cores, sabores e ver tudo novo. Enxergar tudo como se fosse a primeira vez, e abraçar todos os dias a possibilidade de ser mais. Quando eu crescer eu quero ser. E quero estar rodeada de pessoas que crescem comigo.

quarta-feira, 18 de outubro de 2017

Humano é ser



Fiz uma experiência há pouco tempo que se resumia a imaginar todos os passageiros do meu ônibus como meus antigos professores. Desde o motorista até a moça sentada ao meu lado, fui tomada por um desejo genuíno de sorrir de encontro a cada um deles e abraçá-los. Tamanha é minha gratidão (por meus professores) que mesmo desconhecendo muitos deles como pessoas eu não hesito em me voltar a eles com amor.

Meu experimento naquele ônibus me trouxe de volta à lembrança e esperança de que, afinal, somos todos professores. Aprende-se com os alunos porque se aprende com as pessoas. Refletimos de um para um suas maiores qualidades e maiores defeitos. E, como em todo colégio, embora não concordando com a maneira de ensinar de alguns de nossos professores, ainda aprendemos e somos gratos.

Se procurássemos olhar para aqueles com quem compartilhamos diretamente essa vida, compreenderíamos o que há para ser dito, o que há para ser silenciado, o que há para ser mudado, o que há para ser perdoado, e o que há para ser resgatado. Uma infinita teia de nossas relações é ilustrada em um mapa sobre o qual não nos damos o trabalho de refletir. As respostas sobre nós mesmos estão nesse mapa.

Eis que no outro jaz a nossa luz e nossa sombra. E é enxergando a nós mesmos no outro que verdadeiramente entenderemos nossa missão. Seja lá quanto você acredite que ela dure, ou o significado que dê para ela, a mesma não deixa de ser uma passagem. E não estou aqui para dizer que “a vida é curta”, nem para dizer que ela não é. A vida, nem curta e nem longa, é abundante em cada minuto, significativa em cada gesto, determinante em cada escolha, e preciosa em todas as suas formas.

Confie na vida e perdoe. Perdoe seus amigos por serem humanos antes de amigos, seus filhos por serem humanos antes de filhos, seus pais por serem humanos antes de pais, e seus irmãos por serem humanos antes de irmãos.
O divino em mim reconhece e aprecia o divino em você.
Nos preocupamos tanto com a ignorância e a indiferença do mundo e não percebemos o mesmo erro presente em nossas relações sociais e pessoais. Nosso mundo vive o caos de seus indivíduos. Alguém que não admite as próprias falhas jamais será capaz de admitir os erros de uma geração inteira. É preciso entender que não somos seres políticos, não estamos aqui para lutar pelo poder e pela razão. Não estamos aqui para lutar por nada!

Não deixe que suas opiniões constitucionais prejudiquem sua fidelidade a quem te ama. Não deixe que sua tendência ideológica te impeça de acreditar em quem te ama. Não deixe que suas preferências religiosas te tirem a capacidade de ter fé também em quem te ama. Nada sabemos do mundo, e nada saberemos enquanto não olharmos para o lado.

Não há de existir nenhum outro obstáculo entre você e este texto, senão você mesmo. Pois ele passa de ser somente uma reflexão sobre a espiritualidade para ser uma reflexão sobre nossa capacidade de enxergar as pessoas, sejam seres de espírito ou de carne. Nosso grande defeito como sociedade e humanidade é não saber lidar com o outro, quando, em sua essência, “o outro” não é o desconhecido, mas sim uma lição daquilo que nós não reconhecemos dentro de nós mesmos.

{texto original escrito em novembro de 2016}

domingo, 1 de outubro de 2017

Precisamos falar sobre juventude, escuta e humanidade




No final de semana passado, participei do “JTalk: Vamos falar sobre suicídio”, a primeira roda de conversa organizada por meio da Casa J, projeto idealizado e fundado pelo Leonardo Nunes, aluno da Casa do Presente e colega que admiro muito. A Casa J é um espaço para a troca de conhecimentos entre jovens. Nasceu da ideia de conectar jovens e da luta contra a narrativa: “Esses jovens estão todos perdidos”. 

O Leonardo tirou a Casa J do papel ao lado de seu mentor Danilo Picucci. Eu e o Leo conhecemos nossos mentores juntos em um evento surreal da Casa do Presente para apostar nos nossos sonhos e promover o empreendedorismo jovem. Nesse dia cada aluno apresentou seu projeto em 4 minutos para cerca de 30 mentores (incríveis) completamente diferentes. Depois do evento escolhemos nossos mentores/jovens favoritos, e “deu match”. 

Em menos de seis meses a Casa J ganhou vida do desejo de dar voz às juventudes brasileiras, compartilhando e empoderando jovens por meio de um espaço onde não existe “conversa de adulto”, apenas coisas que precisam ser ditas e opiniões que merecem ser expressadas. Ou, como já diz a missão do projeto, a Casa J existe para “incluir diversidades humanas, colaborar e compartilhar, ser sustentável, participar, ser ocupado, despertar a curiosidade e distribuir amor”. E você sente. Eu senti.  

Em um círculo aberto na varanda de um coworking, conversamos sobre muito mais do que suicídio. Entendemos que nenhuma conversa segue do jeito que a gente espera quando nos permitimos abrir nossos corações para as coisas que não podemos controlar. Dias antes do evento, eu e Leonardo estávamos conversando, e falei pra ele: Vai ser tudo exatamente como deve ser, porque esse encontro já estava marcado muito antes de você criar o evento. E eu não fazia ideia do quanto aquelas palavras significavam até escutar as pessoas que estavam presentes naquele círculo. 

Nós aprendemos juntos naquele dia que enxergar o outro vai além do que podemos ver, e nosso poder de escuta vai além das palavras. Aprendemos sobre a fragilidade de ser humano, e aprendemos sobre amor. Saindo dali, eu não conseguia parar de pensar em como escrever sobre aquele dia. A minha experiência com a Casa J me despertou para a urgência de falarmos sobre juventude, escuta e humanidade. O quão importante é que enxerguemos os jovens como seres completos, e olhemos para suas dores com reconhecimento, respeito e empatia! E eu espero que mais jovens possam não só ganhar voz por meio desse projeto, mas também serem escutados

LEONARDO, seu gigante! Você não faz ideia do tamanho desse projeto! 





Em uma realidade em que o jovem é colocado como imperfeito, inacabado e incapaz, a Casa J co-existe com a necessidade de compreendermos a importância da representatividade e do protagonismo jovem. E tem forma mais bonita de manifestar isso do que por meio de um projeto incrível criado por um cara com breves 20 anos de idade? Só consigo transbordar de amor pela iniciativa da Casa do Presente de promover vida aos nossos projetos e mostrar que os jovens já são capazes de recriar o mundo.

Será mesmo que somos nós "muito jovens para entender" ou o mundo que é jovem demais para compreender? 

Certamente temos muito o que aprender, mas falta lembrar que jamais seremos velhos demais para isso. Ainda esse ano, escutei a conversa de uma mãe e sua filha no ponto de ônibus. A menina devia ter menos de oito anos, e havia acabado de sair da escola toda maquiada. A mãe a questionou sobre a maquiagem e a pequena disse “fizemos um salão de beleza para crianças”, e depois de uma pausa, esclareceu “criança, não criança grande”

Alguns (muitos) adultos parecem temer a voz dos jovens, como se colocassem à prova seu aprendizado de uma vida inteira, ou assustassem com a promessa de um futuro que eles dificilmente seriam capazes sequer de imaginar, o que dirá entender e compreender. O problema nisso é que não podemos falar de educação sem os jovens (e as ocupações nas escolas estão aí para provar que eles podem!), não podemos falar do que é melhor para as crianças sem escutar as crianças, e não podemos falar de mudança sem o lugar de fala daqueles que são responsáveis pelo futuro. 

Por projetos como a Casa J e a Casa do Presente que acredito que o protagonismo e a representatividade jovem em geral podem mudar a forma como enxergamos o outro. A Casa J, para mim, é acima de tudo uma manifestação natural dessa causa. E a representa com verdade, dando visibilidade às juventudes cuja opinião é tratada com respeito desigual e ainda são colocadas de fora de assuntos de importância humana que transcendem idade, raça, sexualidade, classe, política, religião, e qualquer outra barreira invisível entre nós que todos somos responsáveis por romper. 

Apenas porque somos humanos, e é isso que deveria nos definir. 

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Conheça os projetos da Casa do Presente e da Casa J




domingo, 27 de agosto de 2017

Você já encontrou coragem para se amar?



Vai e vem, eu faço uma lista de todas as coisas que eu quero. É um hábito meio maluco que eu cultivo há mais de um ano. Escrevo à mão frases do tipo “eu quero fazer novas conexões com pessoas diferentes”, “eu quero me aproximar da minha espiritualidade”, “eu quero me empoderar tomando a frente dos meus projetos”, assim vai. Das poucas coisas que não se concretizaram de cara, algumas não me representam mais e outras seguem se repetindo nas novas listas (porque eu sou teimosa mesmo).

Mas sabe, há um salto gigantesco entre admitir o que você quer e ter coragem de fazer algo a respeito. Sabe quantos textos eu já escrevi sobre isso? Eu mesma já perdi a conta das vezes em que eu tive que juntar minhas forças para pular de alturas que eu nem sabia que era possível superar. Hoje eu estou aqui, encarando mais alguns metros, sem considerar a possibilidade de dar um passo para trás. E me dei conta de que a força que eu estive buscando dentro de mim era, na verdade, a coragem para me amar primeiro. Eu estive PROCURANDO coragem para me amar.

Desde que me dei conta disso, venho conversando bastante com amigos meus sobre amor — compartilhando experiências, sentimentos, e tentando compreender junto com eles o caminho do amor próprio. E isso me fez pensar em toda essa geração de pessoas que, como eu, ainda precisam de coragem para se amar. Eu não sou a única procurando, nós estamos. O que isso diz sobre a sociedade em que vivemos?

O que isso diz sobre nós mesmos?

Enquanto eu escrevia mais uma de minhas listas, fui percebendo que cada item dela me levava de volta a uma escolha que eu havia feito ao longo dos últimos anos. Vi a mim mesma caminhando na direção contrária de tudo o que eu acreditava. E de item a item eu fui pensando “cara, que louco, eu estou livre de tudo aquilo agora! Porque eu estou pronta para admitir que é isso aqui que eu quero”. E se é isso o que eu quero, por que vou me contentar com menos, sabendo que eu não sou menos do que isso?

“Não se acomode pelo bom, pelo ameno, pelo familiar. Continue procurando até encontrar o que realmente te move, que ressoa com o seu ser. E quero dizer isso para pessoas, interesses, para hobbies, para suas possessões, roupas, músicas, livros, arte. Tudo. Seja o curador de todos os aspectos da sua vida, o máximo que puder. É nas coisas que profundamente nos inspiram que encontramos a nós mesmos.” — The Artidote

Aquilo que você quer para si mesmo está diretamente ligado à quem você é. Sendo assim, se você não está disposto a abrir mão da pessoa que você é, você não deve abrir mão daquilo que você verdadeiramente quer. Afinal, “é nas coisas que profundamente nos inspiram que encontramos a nós mesmos”. E quando eu aceito menos do que eu quero para mim, eu estou aceitando ser menos do que eu sou.

Olha a dimensão disso! A partir do momento que você diz “chega, É ISSO que eu quero, e é o que eu vou buscar daqui pra frente”, você está defendendo a si mesmo e a tudo o que você é. Já pensou nisso?

Respeite a si mesmo o suficiente para se afastar daquilo que não te serve mais, não te faz crescer, ou não te faz feliz.

Passou da hora da gente se defender, pegar a si mesmo pela mão e caminhar (com medo mesmo!) na direção desse salto aterrorizante e ao mesmo tempo maravilhoso. É tempo de olhar para dentro e admitir que queremos SIM ser mais, ser tudo o que podemos ser.


Coragem é quando a gente deixa o coração agir.


Pois então, faça daquilo que você quer a sua coragem para se amar. Se entregue a você mesmo. Veja mais do que você ama, ouça mais do que você ama, fale mais do que você ama, se cerque de pessoas que te amam como você quer ser amado. Invista nas sensações que te libertam. Porque, no fundo, você está se libertando do medo de ser quem você é e de não ser amado. Mas ninguém nunca vai te amar de verdade — inclusive você mesmo — se não conhecer a sua verdade. Se descubra, se desvende, se ame. Se joga!

Às vezes o salto que a gente precisa dar está em apenas um passo.

terça-feira, 1 de agosto de 2017

Quem decide o que é ser criativo?


Ninguém nasce com o dom de ter ideias brilhantes. 

Nós não somos detentores de ideias. São as ideias que nos apropriam quando nos abrimos o suficiente. Alguns de nós se abrem mais do que outros e acabam tendo que se descobrir em um amontoado de projetos pessoais ainda não finalizados, ou nunca colocados em prática. E faz parte, porque, quando o assunto é ideias, é de espaço que elas precisam. Mentes comuns e corações verdadeiros  a b e r t o s.

As ideias estão por aí, ao alcance dos olhos, do toque, dos ouvidos, do olfato. Elas vivem no ar, e às vezes sem querer a gente inspira uma delas. De repente, nos convencemos de que elas são nossas, simplesmente porque tomamos a responsabilidade de fazê-las acontecer. E está tudo bem, embora elas sejam grandes demais para caber na gente. 

A verdade é que elas são do mundo. 

Minhas ideias são suas, e as suas são tão minhas quanto do cara que diz para si mesmo toda noite que ''gostaria de ser criativo para ter inventado uma coisa dessas''. Oras, ser criativo é ser sensível ao mundo externo. É enxergar nas coisas as outras pessoas e a si mesmo. É notar possibilidades escancaradas que nem sempre pedem para serem enxergadas. Ser criativo é estar aberto por inteiro. E, acredite ou não agora, qualquer um é capaz disso quando se permite. 

Você não precisa ter um dom divino ou coisa do tipo, deixa disso! 

O conhecimento vai multiplicar o número de ideias pipocando ao seu redor, mas o que você tem hoje pode ser suficiente. Ninguém precisa ser um gênio para ter uma ideia brilhante. Ideias brilhantes são apenas ideias humanas. Criatividade não é para poucos. Não é a luz que bate na testa do Stevie Jobs e o endeusa enquanto o mundo reverencia.

Talvez você não saia por aí programando um novo aplicativo, compondo um arranjo musical ou pintando aquarelas, afinal, criatividade pode significar muita coisa. Você pode criar um novo design de cadeiras, ou pode simplesmente mudar as coisas de lugar e acabar repensando a forma como as pessoas utilizam as cadeiras. Ideias buscam por pessoas dispostas a desafiar aquilo que alguém já disse que não funciona. Repense, reinvente, reorganize, diga o primeiro sim ou o primeiro não. As melhores ideias quase nunca se parecem com a lâmpada perfeitamente redonda que salta da cabeça de um cartoon.

Esqueça o que você sabe sobre ser criativo, e descobrirá o significado. 

domingo, 23 de julho de 2017

Que eu seja amor



Eu queria que esse texto fosse sobre você, mas não é.

Esse texto é sobre mim.

É sobre todas as vezes em que eu me senti um fantasma. Como se o mundo atravessasse meu próprio corpo e, ainda assim, eu não pudesse enxergar a mim mesma. É sobre essa constante sensação de que estou sempre machucando quem eu amo, mesmo quando eu sei que a dor vem de mim e não deles. É sobre eu ter descoberto que convencer meu coração não é tão fácil quanto parece. É sobre o quão difícil é enxergar tudo isso quando a gente não consegue nem se enxergar.

E é sobre abrir os olhos.

É sobre os dias em que eu encaro o canto da minha sala de estar e meu peito pesa como se eu esquecesse como respirar, porque eu me lembro de você. E olhando agora para todos aqueles pontos pretos dispersos entre as linhas que alguém desenhou no meio do nada, eu sei que esse texto continua sendo sobre mim.

E eu espero que, no final das contas, eu possa escrever sobre mim com a mesma doçura que eu sempre escrevi sobre você. Eu espero que cada verbo soe como o “dó” daquele piano em que eu me debrucei tocando a canção que eu escrevi bem antes de qualquer coisa que eu pudesse dizer em voz alta. Eu espero que eu me olhe com aquele mesmo brilho que só eu vejo nos seus olhos quando você me olha. Eu espero que cada palavra ecoe em mim como você. Eu espero que eu possa ser para mim o que você foi.

Eu espero que eu possa ser amor, e escrever sobre o amor.

Sem medo de ser enxergada.

segunda-feira, 29 de maio de 2017

Workshop Vivencial de Fotografia

No dia 13 de maio, participei do workshop pelo qual mais esperava desde que conheci os projetos da EFFE4 e me tornei aluna da Casa do Presente. Em junho vai ser a primeira vez que não me pergunto: “será que agora é o workshop do Marcio?”. O que eu não havia me dado conta antes é que aprendo com essa equipe linda de fotógrafos em todas as nossas vivências. Por meio das fotografias do Márcio, do Renato, da Letícia — e também da Lilian Fernandes — , eu revivo meu próprio olhar.

Vez ou outra volto aos álbuns dos workshops passados da Casa do Presente afim de reviver nossos momentos eternizados. E é sempre muito mais do que isso. Vejo cores, luzes e sorrisos que não pude guardar comigo na memória, e cada sentimento, cada lampejo e cada arrepio corre por mim como uma descarga de energia além da minha compreensão. Sinto os espaços, os cheiros, os sabores, e sou tocada novamente. Aquelas fotografias me transportam para instantes aos quais me parecia impossível voltar. Mas, para o coração não existe tempo —  e vocês fotografam com o coração.


“Fotografias registram curtíssimos espaços de tempo. São momentos que acontecem por apenas uma fração de segundo, mas que, no entanto, não estão isolados de uma continuidade de ações e de um contexto. Há tantas mais coisas por trás de cada instante, tem toda uma história — ou histórias — intermediada por ele; e é isso que faz dele, também, um relato daquele contexto. Ou, no mínimo, uma história daqueles segundos específicos. Mas uma… sempre uma história, e mais mil e uma coisas fazem parte dela.“ 
  Iara, aluna da Casa do Presente.

A fotografia é capaz de capturar sensações pequenas e mais profundas do que a nossa percepção pode captar de cara. Nesse workshop, vivemos e sentimos “o fotografar” por meio de diferentes experiências. Em uma delas, espalhados pelo espaço aberto ao lado do Museu de Imagem e Som (MIS), fomos literalmente vendados, nos movendo atados às mãos de nossos amigos. E estender nosso olhar interno àquele que nos guiava de passo em passo talvez tenha sido o maior desafio daquela tarde. A verdade é que só assim poderíamos captar as almas por trás dos retratos que fizemos em seguida. Era preciso compreender que enxergar o outro também é enxergar o que ele vê.



Durante as atividades, dividimos um espaço que parecia imenso em possibilidades. Entre flashes e risadas, aprendemos sobre percepção, sobre luz, sobre memória, sobre o tempo, e sobre o poder que possuímos de contar histórias com um só clique. Em nossas fotografias, imprimimos o peso e as levezas que nossos olhares podem absorver. Exploramos os limites da nossa expressão, contando mais sobre nós mesmos por meio do que escolhemos enquadrar no visor dos celulares e das câmeras profissionais. E por meio desses retratos, vivenciamos um novo olhar para o outro e para nós mesmos. 

Como diz a composição linda da Victoria aluna da Casa do Presente  "são retratos do viver". E naquele dia nós podemos dizer que vivemos. Cada segundo, clique a clique. 

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Crédito especial aos alunos da Casa do Presente pelas fotografias usadas nesse post. E um agradecimento sem tamanho ao Marcio Motta e à EFFE4 pelo dia mágico 💜

quarta-feira, 17 de maio de 2017

Arte é rua: é não entender, mas sentir



Eu estava atrás de um livro sobre criatividade, e descobri um closet. Um retângulo cercado por paredes de vidro e prateleiras de livros pesadíssimos sobre arte, design, arquitetura e ensaios fotográficos. Um quadro aqui, um quadro lá. A tal seção da livraria para artistas e criativos. Era a minha sessão. Pelo menos era para parecer que era, mas quando olhei em volta, não consegui me enxergar

Aquilo tudo caiu no meu estômago como uma pedra. Se era para aquele espaço ser qualquer coisa diferente de uma exposição da obra de semideuses inalcançáveis, não dava para dizer. Era tudo exageradamente sofisticado, quase intocável. E destoava da arte que se via e se tocava logo ali, porta da livraria afora. A arte que todos nós somos.

Arte é rua.     Arte é gente.     Arte é popular.

Eu quero é ver gente que faz boomerang no Instagram apreciando fotografias profissionais de montanhas. Quero ver gente que não sabe nem soletrar “semiótica” folheando livros de design. Quero ver gente encarando Monet pela primeira vez na vida, ou lendo sobre arquitetura urbana porque esbarrou naquele canto sem querer. Quero ver gente falando de arte sem entender dela, porque arte é isso. Arte é não entender. É a busca por uma linguagem que possa dar sentido ao caos organizado. Arte é sentir.

Arte é resistência.   Arte é causa.     Arte é meio.

Separa-se a arte do mundo como se o mundo não fosse arte ou a própria arte não fosse mundo. Mas, o que é arte para você? Para mim, não tem nada a ver com uma sala fechada. Dentro daquela caixa, me senti um palito. Até lembrar que sou fósforo — faísca de um incêndio que não caberia ali.

domingo, 14 de maio de 2017

Faz tempo que a gente ouve merda



Faz tempo que eu não escrevo. Faz tempo que eu me calo. 

Faz tempo que eu não cuido de mim, e coloco os sentimentos das pessoas antes dos meus. Faz tempo que eu não me expresso de verdade. Mas ó, faz tempo que eu sei quem eu sou. E faz tempo que eu decidi que não estava disposta a abrir mão disso. Faz tempo que eu tenho que responder perguntas como “continua fazendo ‘essas suas coisas’ como sempre né?”. Faz tempo que eu deixei pra lá, e parei de explicar o que eu faço ou deixo de fazer. Faz tempo que eu cansei.

Faz tempo que eu aprendi que nem todo mundo consegue entender um caminho que não é deles. Faz tempo que as pessoas fazem o que esperam delas. Faz tempo que eu faço o que eu quero. Faz tempo que eu leio porque quero ler. Faz tempo que eu estudo porque quero estudar. Faz tempo que eu aprendo porque quero aprender. Faz tempo que eu faço o que amo, PORQUE AMO. Faz tempo que eu descobri que existem diversas formas de ganhar, e que dinheiro não deve ser a finalidade de tudo que a gente faz. 

Faz tempo que eu ouço merda. Faz tempo que eu não falo o que penso. Faz tempo que eu me mantenho em silêncio, me fingindo de tonta pra não ter que explicar o que ninguém quer entender. Faz tempo que as pessoas se convencem de que eu não tenho opinião. Faz tempo que as pessoas acreditam que eu não sei o que eu estou fazendo com a minha vida. Faz tempo que eu sei muito bem o que estou fazendo.

E eu não poderia estar mais grata pelo tempo que faz, e por cada passo que eu dei no meu tempo. Mesmo com todas as merdas que eu ainda tenho que escutar. Afinal, independente do próximo passo, eu vou continuar fazendo o que eu faço, porque sou eu. E NÃO VOCÊ.
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